segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Crônica: A festa é nossa?

                                                                                                                             Fabiano Cotrim 09/2011

Tem coisa que eu não entendo, ou tem coisa que não se explica, ou tem coisa que já não se explica pra mim que vou ficando cada vez mais velho e mais cismado com essas coisas tais. Veja os senhores e senhoras que o prefeito de Caetité decretou estado de emergência por conta de uma seca que assusta mesmo a nós, caetiteenses, já de há muito calejados com a falta d água. Pois bem, agiu certo sua excelência, o alcaide, que o caso é mesmo grave. Determinadas localidades do município até nem aceitam uma simples emergência, pois vivem a verdadeira calamidade. Até ai eu entendi tudinho, que eu sou cismado, mas não sou encroado para entender a coisa quando ela é tão clara. Falta de água é uma emergência, uma calamidade, e ponto.
Agora, se a excelência, o prefeito de Caetité, reconhece do próprio punho que a situação é emergencial, que os seus munícipes estão passando sede e outras necessidades básicas e absolutamente urgentes, por que pitombas faz festa com a desgraça alheia? E é a partir daqui que o meu cismador deu a volta no ponteiro. Então o prefeito pode fazer assim? Decretar uma emergência tão séria e ao mesmo tempo usar o dinheiro público para financiar festas? Uma coisa combina com a outra? E foi o que fez, e, aliás, é quase só o que faz tão distinta autoridade municipal, festa...
Festa em Brejinho das Ametistas, com bandas e todos os gastos festivos, sempre exorbitantemente inflados quando o festeiro é o poder público. E mesmo ali, em Brejinho das Ametistas, no dia em que a festa rolava solta, faltava água. Festa para inaugurar uma pracinha na cidade, que também não tem água, mas pode exportar muriçocas, e, de novo, gastos, fogos, luzes tremeluzentes e estrelinhas, coisas de quem está alegre, contente mesmo com a situação.
Não é de dar um nó na cabeça e se encher de raiva? Ora, ora, em caso de emergência mulheres e crianças primeiro, sempre me ensinaram. Em situação de emergência, primeiro resolver o problema que emerge com tanta gravidade, e, depois, se tudo for de fato resolvido a contento, a festa é justa. Mas sua excelência e o séquito de assessores que lhe servem por certo não pensam assim. Mas pensa como então? Pensa que todo mundo é besta e vai nem ligar a decretação do estado de emergência com a festança paga com o dinheiro da viúva? Se assim for, e assim parece de fato ser, é bom ir tirando o cavalinho da chuva, excelência. Até por que quem está passando sede não é de aceitar de bom grado tamanha ofensa, tamanha injúria. Quem tem sede, excelência, tem pressa de água, daquela que passarinho bebe, e não de festa.
Falando em água que passarinho bebe, e lembrando daquela que passarinho não bebe, uma coisa me ocorreu, o nó se desfez! É isto que pensa então sua excelência, o nosso prefeito! Claro, como eu não entendi antes? Ele, do alto da sua excelência toda, está é querendo posar de Maria Antonieta e nos diz com tintas solares: Não tem água? Que bebam cerveja, cachaça,... E tome-lhe festa...



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