Por Fabiano Cotrim em janeiro de 2012
O futuro de Caetité primeiramente a Deus pertence, que esse negócio de futuro é mesmo imponderável para os simples mortais... Entretanto, não é preciso ser profeta e nem sábio para dizer que no futuro Caetité refletirá o que lhe acontece agora, sobretudo em forma de investimentos grandiosos na mineração, na construção de ferrovia e na produção de energia eólica. Reparem os senhores leitores e as meigas leitoras que talvez em nenhum outro lugar do Brasil se encontre uma confluência tão poderosa. É ferro em abundância, é vento a dar com pau, é ferrovia, é urânio de montão, é dinheiro muito que se emprega aqui, é riqueza muitas vezes maior que se espera extrair daqui.
Diante disto é comum as pessoas do lugar adotarem a clássica e reducionista dicotomia do “sou contra” ou “sou a favor” por que sou e pronto. Ai o futuro de Caetité, para uns, será garantido mar de rosas e para outros já é certo inferno. Erram ambas as correntes, no meu humilde pensar. Tenho para mim que a coisa toda depende muito mais do que nós, caetiteenses de fato e de direito, fizermos agora, das nossas propostas para o nosso futuro. O que não dá é esperar passivamente que os exploradores das nossas riquezas proponham, eles próprios, o modo de nos recompensar.
A relação institucional do Município de Caetité com este capital que aqui vem buscar lucros terá necessariamente que passar por uma reformulação. Terá de ser propositiva, e terá de ser proporcional ao valor do butim já tecnicamente mensurado. Se a legislação não nos é favorável, se os royalties da mineração são irrisórios quando comparados, por exemplo, com a extração de petróleo, lutemos pela alteração legislativa! Contudo, mesmo no sistema vigente, é possível, em nome cooperação e também do marketing social, extrair das empresas que hoje aqui operam muito mais do que atualmente se verifica.
Hoje as empresas colaboram, é bem verdade, só que pontual e parcamente. Patrocinam eventos festivos, bancam um ou outro pedido de grupos ou associações, fazem ou financiam esta ou aquela ação ambiental, mas nada que permita vislumbrar um benefício duradouro para a comunidade. Elas são então as vilãs do nosso futuro? Absolutamente que não, pois, sempre humildemente acho, não estão sendo convenientemente solicitadas. Altivamente solicitadas. Até aqui temos praticado com tais empresas que anunciam elas mesmas perspectivas de polpudos lucros, uma política de migalheiros. Pedimos pouco, recebemos menos ainda.
E para não dizerem os senhores leitores e nem as ternas e perfumosas leitoras que apenas fui mais um “do contra”, humildemente, sempre, sugiro e concluo: em vez de pedir patrocínio para “pagar uma banda” por que não apresentar um projeto para termos aqui a nossa própria orquestra sinfônica? No lugar de pedir que pintem tambores de lixo ou camisetas promocionais, por que não propor o financiamento de uma escola profissionalizante de bom nível?
Afinal, qual é mesmo o futuro que queremos construir? Ou vamos esperar que os outros, os de fora, ditem o ritmo das nossas vidas, das vidas dos nossos filhos e netos?